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Celesc abre as portas da Usina Bracinho e assina documento que cria Unidade de Conservação

Localizada em uma das maiores reservas naturais de Santa Catarina e considerada um patrimônio da história da energia elétrica no estado, a Usina Bracinho foi aberta neste sábado, 23, para visitação da comunidade, em mais uma edição de grande sucesso do Celesc Portas Abertas.

Durante o dia, das 9 às 15 horas, mais de mil pessoas passaram pelo local e tiveram a oportunidade de conhecer mais de perto o prédio da Usina e a casa de máquinas; visitar exposições de fotos, equipamentos, materiais e serviços; passear em meio a um cenário natural encantador; curtir um passeio em família; ouvir e contar histórias entre amigos e conhecidos.

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A história da Usina Bracinho teve início há quase 100 anos, em 1928, e faz parte da trajetória de muitas famílias de Schroeder. A obra impulsionou o desenvolvimento da região Norte de Santa Catarina, entre as décadas de 30 e 60, e se transformou no emprego de muitos pais de famílias que habitavam a região como a de Úrsula Bisoni, que visitou a Usina acompanhada da irmã mais nova, Nenci, da sobrinha, Louise, e do filho Jonas.

Úrsula e Nenci são, respectivamente, a filha mais velha e a mais nova, entre os oito filhos do seu Marcelino Bisoni e da d. Tereza Lafin Bisoni. Ele começou a trabalhar na Usina Bracinho no final da década de 50, durante as obras de construção da barragem do Rio do Júlio e de um túnel para desviar as águas daquele rio para o Rio Bracinho, aumentando o volume da descarga de acionamento das turbinas.

Naquele tempo, junto com a “turma”, como era conhecido o grupo de trabalhadores envolvidos nas obras, Marcelino fazia roçadas, ajudava na construção do túnel e na manutenção da rede elétrica. Mais tarde, já em meados dos anos 60, a Usina a passou a ser da recém-criada Celesc e Marcelino foi guindado ao cargo de operador de máquinas. Com o novo ofício, trouxe a família para morar com ele em uma das quatro casas construídas para acolher os empregados.

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À época, Úrsula era uma menininha de pouco mais de oito anos de idade e relembra, hoje, com saudade, de muito do que ali viveram: “A casa era novinha em folha, de madeira, com dois andares. No andar de cima, ficava o sótão, com dois quartos e uma sala grande. Era maravilhoso morar aqui. Fruta à vontade, tinha pêssego, mamão, abacate, pêra. A mãe cuidava da horta, do leite das vacas e ainda se criava galinha, porco, patos. À direita da vagonete, tinha um picadão e por lá a gente chegava até a represa. Pra escola, íamos à pé. No inverno, os dedos congelavam e foi da Celesc que ganhamos o primeiro par de tênis, um Conga azul. A maior alegria no Natal, pra gente, era a cesta de Natal que a Celesc nos dava, com material escolar e brinquedos. Era uma alegria só.”

Ao lado de Úrsula, Nenci, a última a deixar a casa, relembra diversas situações vividas ali, naquele mesmo local tantos anos atrás e se emociona, apontando para os degraus de cimento escurecidos na sombra das árvores: “Nossa casa era bem ali, naquele terreno. A gente era pequena e tudo aqui era tão grande. Esses tubos, o vagonete, os morros... É bom demais voltar aqui e ver tudo tão perto de novo”.

 

Bracinho7Ivoni, Ursula, Alceu, Zenaide, Rose, Maria de Lourdes
Dirceu e Nenci. A mãe Teresa observa na janela
Bracinho12 Acima, Nenci, Louise e Ursula, da família Bisoni. Ao lado, a família em frente a antiga residência


“Foi muito bom voltar a esse lugar e lembrar que meu pai trabalhou aqui durante 35 anos. Fazia muito tempo que eu não passava daqueles portões e hoje tive a oportunidade de rever como isso é bonito”, disse Úrsula Döge, enquanto participava da visita guiada à casa de máquinas da Usina.

Bracinho8Pai de Úrsula Döge (de rosa no centro da foto) trabalhou durante 35 anos na Empresa

“Com a abertura da Usina, a comunidade pôde entrar aqui, conhecer e relembrar muito da história deste local, de suas belezas preservadas. O Celesc Portas Abertas na área da Geração tem se configurado em uma oportunidade ímpar para que a população catarinense possa valorizar, ainda mais, esse patrimônio histórico e cultural tão importante representado por nosso parque gerador, como vimos no ano passado, na Usina Piraí. É nosso objetivo ampliarmos ainda mais essa proposta, com a realização desses eventos nas demais usinas”, destacou o diretor de Geração Transmissão e Novos Negócios, Pablo Cupani Carena.

Bracinho poderá se transformar em uma UCA

Durante o Celesc Portas Abertas deste sábado, a Celesc Geração e o Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina - IMA, assinaram um Protocolo de Intenções que visa a criação da Unidade de Conservação do Bracinho, abrangendo os municípios de Schroeder e Joinville.

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A área onde será inserida a Usina, de aproximadamente 4.780 hectares, é de grande relevância ambiental, pois se encontra em um dos maiores maciços florestais contínuos de Mata Atlântica do País. Após a criação, será a terceira maior Unidade de Conservação Estadual, atrás apenas do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, localizado entre os municípios de Palhoça, na Grande Florianópolis, e Imbituba, no Sul do Estado, e da Reserva Biológica do Aguaí, entre Morro Grande e Treviso, também no Sul.

“A ideia aqui é estudar qual é o melhor tipo de Unidade de Conservação, já que existem várias classificações, para que a gente consiga aliar a operação das usinas com a implantação de uma Unidade que a sociedade possa usufruir”, destacou o diretor de Geração, Transmissão e Novos Negócios da Celesc, Pablo Cupani Carena.

Para o presidente do IMA, Valdez Rodrigues Venâncio, a intenção em criar a nova Unidade é proporcionar à comunidade da região e aos catarinenses a possibilidade de conhecer esse patrimônio preservado. “A partir de agora vamos estudar e verificar se será instalado um Parque ou Monumento Natural, que é o mais adequado, para permitir o uso público dentro dessa área tão linda e biodiversa”.

Por Rafael Vieira de Araujo - Comunicaz a serviço da Celesc, com a colaboração de Cláudia Xavier - IMA